Uma professora denuncia ter sido dopada por uma diretora e abusada por um vigia; crime só foi descoberto após colegas da vítima virem vídeo em celular da acusada

Caso está sendo investigado pela 2ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Goiânia | Foto: Reprodução
A Polícia Civil está investigando um suposto estupro que teria acontecido dentro de um colégio estadual em Goiânia em janeiro deste ano. O crime veio à tona após uma professora da unidade de ensino denunciar que o vigia da escola e a diretora estariam envolvidos no caso.
A mulher, de 39 anos, que não quis se identificar, afirma ter sido dopada dentro do colégio pela diretora no dia 23 de janeiro e, no mesmo dia, o vigia da escola a teria estuprado, filmado toda ação e depois usado para intimidá-la.
A vítima conta ainda que no dia, um domingo, estava fazendo hora extra na unidade para ajudar no processo de reabertura quando começou a se sentir mal e a diretora teria dado um suposto antialérgico a ela. Neste momento, segundo a professora, ela teria adormecido e despertado horas depois, sem sentir nada que pudesse ter relação com o abuso.
Continuação da Matéria
Ainda de acordo com ela, sem saber de nada do que poderia ter acontecido em janeiro, durante o mês de fevereiro ela se envolveu com o vigia da escola por cerca de 15 dias, mas se afastou após perceber comportamento abusivo e agressivo da parte dele.
A vítima afirma que desde o final do ano passado o homem, de 41 anos, a procurava, mas que só em fevereiro deste ano teve encontros com o suspeito, mas sem nenhum envolvimento íntimo. No entanto, após decidir se afastar do vigia, ele começou a ameaçá-la e ainda tentar extorquir cerca de R$ 3,5 mil dela insinuando que teria fotos e montagens dela comprometedoras.
Após denunciar o caso à polícia, ela conseguiu no final do último mês uma medida protetiva contra o vigia. Na época, ele foi retirado da escola pois teriam surgidos relatos de assédio moral cometido pelo homem contra outras servidoras.
A professora conta que após ela conseguir uma medida protetiva contra o vigia, a diretora teria defendido o suspeito, pois, de acordo com ela, os dois mantinham um relacionamento. Na época, ela chegou a ser afastada da função de coordenadora e ameaçada de perder a gratificação do cargo. Além disso, a mulher afirma que a diretora ainda teria começado a difamá-la junto a outro colegas e impedido que ela continuasse a executar suas tarefas.
Ela afirma também que a diretora teria tentado interferir no caso das denúncias contra o vigia pedindo que uma ata escrita a mão narrando os abusos cometidos contra ele fosse destruída.
O caso foi parar na Secretaria Estadual de Educação de Goiás, que tentou apaziguar a situação, mas não afastou as profissionais de saúde. Entre os dias 7 e 11 de março a Coordenação Regional de Educação chegou a realizar três reuniões com a vítima.
Na última reunião, a professora alegou que a diretora teria mostrado para outros servidores um vídeo com cenas de estupro cometidos dentro da escola. Pela descrição das cenas de como ela aparecia nas imagens, ela se lembrou que era como estava vestida no dia que aceitou a suposta medicação da diretora e descobriu que teria sido vítima de estupro.
No dia 9 de março ela registrou o caso na Polícia Civil e o vigia foi transferido para outra unidade de ensino até que as investigações fossem concluídas. Em paralelo, colegas e servidores da educação iniciaram uma série de protestos cobrando o afastamento da diretora e um posicionamento da Seduc.
Publicidade
Continuação da Matéria
Nesta quarta-feira (16/3) a Seduc afastou temporariamente a diretora e a professora da escola sob justificativa de que “os alunos não fiquem prejudicados” e instaurou ainda uma auditoria na escola para investigar o caso. Já o vigia teve o contrato encerrado.
O caso está sendo investigado pela 2ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Goiânia e, segundo a delegada Cássia Sertão, os celulares dos suspeitos estão sendo periciados para confirmar a materialidade do vídeo.
Ainda de acordo com a delegada, mesmo se não for localizado o vídeo, é possível confirmar se houve ou não a violência sexual “por outros caminhos”.
Por: Marcelo José de Sá – Editor-Presidente e Diretor-Geral do Site do jornal Espaço