Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor-Presidente e Editor-Geral do Site do Jornal Espaço
As manobras militares de grande escala realizadas pela China no entorno de Taiwan durante dois dias são uma “flagrante provocação à ordem internacional”, declarou em comunicado a porta-voz da presidência taiwanesa, Karen Kuo, neste sábado (25/05).
“A recente provocação unilateral da China não só mina o status quo da paz e da estabilidade através do Estreito de Taiwan: é também uma provocação flagrante à ordem internacional, suscitando sérias preocupações e condenação por parte da comunidade internacional.”
Pequim anunciou ter concluído “com sucesso” os dois dias de exercícios, denominados Joint Sword – 2024A: uma “punição severa para os atos separatistas” do novo presidente da ilha, Lai Ching-te, também conhecido como William Lai.
Na quinta-feira, Ministério da Defesa Nacional taiwanês já dissera que a operação “destaca a mentalidade militarista do Partido Comunista chinês, que é a essência do expansionismo militar e da hegemonia”.
Teste para tomada de poder em Taiwan
Nesta sexta-feira, o regime chinês confirmara que as operações tinham como objetivo testar sua capacidade de “tomar o poder” na ilha. Na televisão estatal, o perito militar Zhang Chi explicou tratar-se da simulação de um bloqueio: o Exército ensaiou cortar as exportações de energia para Taiwan; interceptar as rotas de escape de seus políticos para o exterior; e sustar a ajuda por aliados estrangeiros como os Estados Unidos. O Exército de Libertação Popular teria também testado sua capacidade de ocupar o Taiwan.
O Ministério da Defesa Nacional da ilha registrou nas últimas 24 horas a presença de 27 navios e 62 aviões de combate chineses nas proximidades de seu território e dos arquipélagos periféricos. Das aeronaves, 47 – incluindo caças SU-30 e bombardeiros H-6 – teriam cruzado a linha média do Estreito de Taiwan, a fronteira de facto entre as duas nações.
Alguns dos aviões de guerra chineses passaram a 39 milhas náuticas (72,2 quilômetros) de Keelung, cidade do norte de Taiwan que alberga uma base militar, e a 41 milhas náuticas (76 quilômetros) do Cabo Eluanbi, no sul do país, informou o ministério.
As Forças Armadas taiwanesas “acompanharam a situação e empregaram aviões de combate, navios da Marinha e sistemas de mísseis costeiros em resposta às atividades detectadas”, afirmou o ministério.
Na sexta-feira, a Administração da Guarda Costeira de Taiwan disse ter repelido a incursão de quatro navios chineses que entraram em águas próximas das ilhas Wuqiu e Dongyin, situadas junto à China continental.
Presidente Lai promete proteger democracia com determinação
Durante os dois dias de manobras chinesas, Taiwan detectou um total de 111 aviões de guerra – 82 dos quais cruzaram a linha média do Estreito de Taiwan – e 53 navios da Marinha e da Guarda Costeira chinesas.
Esse é o número diário mais elevado de incursões desde 11 de abril de 2023, quando a China lançou uma série de manobras em torno da ilha, após o encontro nos EUA entre a então presidente tawainesa, Tsai Ing-wen, e Kevin McCarthy, então líder da Câmara dos Representantes americana.
A ação militar da China iniciou-se dias depois da posse do novo presidente, Lai Ching-te. Na quinta-feira, ele mobilizou as Forças Armadas da ilha e apelou à população para manter a calma, garantindo que o seu governo protegeria a democracia nacional com determinação.
O território opera como uma entidade política soberana, com diplomacia e exército próprios, apesar de oficialmente não ser independente. Pequim considera Taiwan uma província sua, que deve ser reunificada pela força, caso necessário.
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