Em sinalização de mudança de tom na abordagem chinesa ao conflito, o ministro das Relações Exteriores da China ligou nesta terça-feira para o chanceler da Ucrânia e se mostrou disposto a “buscar uma solução pacífica” para encerrar a guerra

Assembleia Geral da ONU, em Nova York, faz um momento de silêncio durante a primeira reunião plenária da sessão especial de emergência sobre a Ucrânia // Foto: UN Photo/Evan Schneider
Em meio a fortes ataques russos registrados na capital ucraniana, Kiev, e na cidade de Kharkiv, segunda maior do país, foi retomada nesta terça-feira (1º/3) a reunião emergencial da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Em seu segundo dia, o encontro discute possíveis punições contra a Rússia pela invasão e bombardeios à Ucrânia. Dos 110 países inscritos para discursar, 45 se manifestaram ontem (28). O último foi o embaixador do Chile, Juan Somavía. Hoje, a reunião recomeçou com o posicionamento do representante do Paraguai.
Uma das falas mais aguardadas é a da embaixadora dos Estados Unidos, Linda Thomas-Greenfield. Ela será a 112º a subir ao púlpito.
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Apesar da pressa da Ucrânia, o voto dos países na Assembleia Geral deve acontecer somente na quarta-feira (2), depois dos discursos de todos os países-membros. O objetivo da sessão é “que os 193 membros da ONU se posicionem” sobre a guerra que eclodiu devido à invasão russa à Ucrânia e sobre “a violação da Carta das Nações Unidas”.
Na segunda-feira, ao discursar, o representante da Dinamarca resumiu o sentimento ucraniano ao lembrar os dizeres do cartaz de um manifestante.
“Para todos que se referem aos dois lados do conflito de forma igual, quero repetir as palavras de um manifestante cujo cartaz dizia: ‘Se a Rússia parar de lutar, não haverá mais guerra. Se os ucranianos pararem de lutar, não haverá mais Ucrânia’,” disse Martin Bille Hermann.
No primeiro dia da reunião emergencial da ONU, países se uniram em pedidos de um cessar-fogo das tropas russas. A reunião também foi marcada por trocas de acusações entre embaixadores da Rússia e da Ucrânia.
Histórico – O encontro extraordinário da ONU em caráter emergencial é raríssimo. Desde a fundação do grupo, em 1945, foram somente 11. Esta é a primeira vez desde 1982 que o Conselho de Segurança pede uma sessão da Assembleia Geral. O pedido ocorreu depois que a Rússia vetou na última sexta-feira (27) um rascunho da ONU, a Resolução do Conselho de Segurança que teria condenado a invasão a Ucrânia.
(Com informações da Agência Brasil)
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China liga para Ucrânia e promete esforços para um cessar-fogo
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, ligou para o chanceler da Ucrânia nesta terça-feira (1º/3), na primeira conversa entre os dois países desde que a Rússia iniciou a guerra, na quinta-feira da semana passada. O diálogo sinaliza uma mudança de tom na abordagem chinesa ao conflito, já que Pequim é aliada de Moscou e, até agora, absteve-se de condenar a invasão nas reuniões do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Após a conversa, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que os chineses estão “prontos para buscar uma solução pacífica” em negociações diplomáticas para encerrar a guerra.
Segundo a CNN Brasil, Kuleba disse que “apelou ao ministro das Relações Exteriores chinês para tirar vantagem de sua influência sobre Putin, de suas relações com a Rússia, para instar Putin a parar esta guerra imediatamente”.
Em comunicado, o governo ucraniano afirmou que o chanceler Dmitro Kuleba, por sua vez, pediu aos chineses que usem os laços com o governo russo para tentar acabar com a guerra. Kuleba teria recebido em resposta a promessa de que a China fará “todos os esforços” para resolver o conflito por meio da diplomacia.