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Mundo / Israel-Hamas / Guerra: Israel se prepara para receber reféns sequestrados pelo Hamas

Familiares de reféns mantidos na Faixa de Gaza durante manifestação por sua libertação em Tel Aviv, em 22 de novembro de 2023 – AFP

 

Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor-Presidente e Editor-Geral do Site do Jornal Espaço

 

“Estou aqui para levar você para casa. Você está em um lugar seguro.” Os soldados israelenses se preparam para receber mulheres e crianças reféns, que poderiam estar profundamente traumatizadas após o sequestro por milicianos do movimento islamista palestino Hamas em 7 de outubro.

Os soldados receberam um manual sobre trauma e informações sobre primeiros suportes médicos. Mas até mesmo as primeiras palavras que dirão aos reféns foram escolhidas cuidadosamente. Especialistas advertem que muitos tardarão a se recuperar.

Segundo o acordo de trégua que entrará em vigor às 7h locais desta sexta-feira (24), um primeiro grupo de 13 reféns será libertado pela tarde, em troca de prisioneiros palestinos, após sete semanas de cativeiro.

A pedido das autoridades, especialistas em maus-tratos infantis do Instituto Haruv de Jerusalém prepararam diretrizes detalhadas sobre como tratar os menores assim que forem liberados.
“Quando os soldados se encontrem com a criança”, diz o manual visto pela AFP, “devem se apresentar educadamente e expressar frases tranquilizadoras como ‘estou aqui para cuidar de você’”.

Além da assistência médica de urgência, os militares são incentivados a averiguar e levar consigo os alimentos favoritos da criança, seja pizza ou schnitzel [milanesas] de frango. Caso contrário, deverão se apresentar com pão, queijo e frutas.

Muitos dos reféns perderam familiares e os militares deverão evitar responder a perguntas dos pequenos sobre o destino de seus parentes, mesmo se souberem a resposta.

– ‘Meu trabalho é levar você a Israel’ –

O ataque cometido em 7 de outubro pelo Hamas no sul de Israel deixou 1.200 mortos, a maioria civis assassinados por milicianos do grupo islamista, segundo as autoridades israelenses. Nesse dia, os combatentes também sequestraram cerca de 240 pessoas, que foram levadas para a Faixa de Gaza.

Desde então, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e, segundo o movimento islamista, 14.854 pessoas morreram nos bombardeios e na ofensiva israelense contra o território palestino.

“Cada pergunta deve ser respondida da seguinte forma: ‘Meu trabalho é levar você a Israel, para um lugar seguro, onde pessoas que você conhece estão lhe esperando e responderão a todas as suas perguntas’”, diz o manual. Qualquer entrevista com meios de comunicação está proibida.

O manual se inspirou nas experiências de outras vítimas de sequestros, como as do grupo islamista Boko Haram na Nigéria, explicou Ayelet Noam-Rosenthal, uma das autoras.

“Precisamos de elementos comuns de linguagem” que sejam compatíveis com o trauma, assinalou à AFP. “Devemos fazer tudo o que for possível para não provocar traumas adicionais”, acrescentou.

– Lugar ‘escuro e assustador’ –

Ainda há muitas perguntas sem resposta sobre o tipo de apoio que será necessário aos menores.

“Ninguém sabe se as crianças e os pais serão liberados de forma separada ou juntos”, afirma Moty Cristal, um militar reformado.

Além disso, tampouco “sabemos se as mulheres sofreram violência sexual durante o cativeiro”, acrescenta. “Dada a natureza dos ataques, só podemos nos preparar para o pior”, continua.

A AFP pôde confirmar as identidades de 210 reféns. Pelo menos 35 deles são menores e 18 têm menos de 11 anos.

“Crianças foram sequestradas logo depois de terem visto seus pais sendo brutalmente assassinados”, declarou à imprensa Zion Hagai, presidente da Associação Médica de Israel. “Não apenas vivem esse trauma, mas estão sofrendo em um lugar desconhecido, escuro e assustador.”

Um dos reféns mais jovens é um bebê de nove meses que se chama Kfir Bibas. Foi sequestrado junto com seu irmão Ariel e seus pais Yarden e Shiri no kibutz de Nir Oz, perto da fronteira com Gaza. Shiri aparece em um vídeo de 7 de outubro com seus filhos nos braços, cercada por homens armados.

O manual do instituto Haruv e os especialistas alertam que os profissionais de saúde também estão vulneráveis.

Ofrit Shapira-Berman, psicanalista e professora da Universidade Hebraica, conheceu um adolescente em uma sessão de assessoramento para vítimas do 7 de outubro que ouviu seus pais e suas duas irmãs gritando no telefone antes de serem assassinados.

“Estou aqui sentada e tento utilizar minha experiência para ajudar você”, disse a psicanalista em um vídeo. “Esse menino vai precisar de nós durante muitos anos”, garantiu.

“Faço o melhor que posso e depois saio [do consultório] e começo a chorar porque isso supera a minha imaginação”.

AFP

 

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