Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor-Presidente e Editor-Geral do Site do Jornal Espaço
Foto: Instagram
No início deste mês, ocorreu uma possível interrupção dos serviços de internet em escala global devido ao rompimento de cabos submarinos no Mar Vermelho. Embora essa situação não tenha um impacto direto nas conexões no Brasil, é crucial entender que a internet é uma rede interconectada, afetando assim todo o mundo.
Consequentemente, nos próximos 30 dias, é esperado que a velocidade de acesso a sites seja significativamente reduzida, especialmente aqueles hospedados fora do Brasil. A região asiática será particularmente afetada, já que três cabos submarinos foram danificados em uma ação militar atribuída aos Houthis, um grupo com ligações ao Irã ativo no Iêmen, em um conflito com os Estados Unidos.
De acordo com o CTO da Angola Cables, Lucenildo Júnior, cuja empresa construiu o primeiro cabo submarino de fibra óptica entre a África e América do Sul para transmissão de dados, “uma falha como essa impacta toda a internet”.
“Os cabos são interligados. As rotas de redundâncias foram acionadas, mas se tem consequências. A Europa, por exemplo, está tendo seu tráfego desviado para Los Angeles, nos Estados Unidos, para depois ir para a Ásia. A Internet funciona, mas fica sobrecarregada. O tráfego aqui na América do Sul foi impactado. Fortaleza, onde temos 17 cabos submarinos, está sendo muito mais demandada”, afirma o CTO. Lucenildo Júnior explica que um boa parte do tráfego internacional da Internet para a Ásia está sendo feito por cabos submarinos operados pela Angola Cables, via África do Sul, para chegar a Singapura. “Essa é uma rota muito mais longa que a tradicional. Isso significa que a latência no tráfego de dados aumenta. É como ir para um lugar pela rota mais longa. Vai chegar? Vai, mas vai se levar muito mais tempo“, detalha.
Segundo o especialista,os dados dos Estados Unidos estão sendo encaminhados do ponto de interconexão de Miami para o de Fortaleza (via cabo Monet). De lá, são enviados para o ponto de interconexão de Luanda (via cabo South Atlantic Cable System, o SACS). Na Europa o procedimento está sendo o mesmo, com os dados sendo enviados para Luanda, pela costa oeste da África (via West Africa Cable System, o WACS).
Usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza
Para Lucenildo Júnior, a obra é um risco evidente para os cabos submarinos, destacando que “em lugar nenhum do mundo existe projeto semelhante perto de cabos submarinos“. E ainda comenta que o afastamento da usina em 500 metros na praia do Futuro, tem impacto zero.
“O mar tem suas peculiaridades, incidências de correntes e outras variáveis. De novo: em lugar nenhum do mundo se tem uma usina dessalinazadora junto a cabos submarinos. Na Austrália e em Israel, as usinas ficam bem longe dos cabos e de lugares com população”, completa Lucenildo Junior.
Ele ainda chama atenção para a possibilidade de um apagão no Brasil, caso um dos cabos submarinos sejam rompidos. “Um possível rompimento em Fortaleza vai levar mais tempo ainda para corrigir. A equipe de restauração mais próxima fica em Curuçao, no Caribe. Se um dos 17 cabos forem rompidos, teremos uma grande possibilidade de apagão da internet no Brasil“, pontua.
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