Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor-Presidente e Editor-Geral do Site do Jornal Espaço
Unidade aérea secreta do Exército norte-americano é vista em treinamentos no Caribe

Helicóptero MH-60L Blackhawk desembarca uma equipe a bordo de um submarino norte-americano. Foto: Departamento de Defesa dos EUA
Os “Night Stalkers” — ou “Perseguidores da Noite” — são uma das unidades mais lendárias e discretas das Forças Armadas dos Estados Unidos. Oficialmente chamados de 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais (160th SOAR), eles são responsáveis por transportar e apoiar as tropas mais letais do país, como os Navy SEALs, os Boinas Verdes e o Delta Force, em operações secretas pelo mundo.
A unidade, que foi vista no Caribe, ganhou notoriedade global por ter participado da missão que eliminou Osama bin Laden, em 2011, no Paquistão, uma operação conduzida à noite, sob sigilo absoluto, com helicópteros adaptados para evitar detecção. Desde então, os “Night Stalkers” se tornaram sinônimo de eficiência em infiltrações silenciosas, ataques rápidos e resgates em zonas de combate.
Treinamentos perto da Venezuela
Recentemente, vídeos e relatos apontaram que helicópteros MH-60 Black Hawk e MH-6 Little Bird, usados exclusivamente pelo regimento, foram vistos em treinamentos em Trinidad, a cerca de 800 quilômetros da capital venezuelana, Caracas.
As manobras coincidem com uma escalada militar ordenada pelo presidente Donald Trump, que tem exibido força contra o governo de Nicolás Maduro. Fontes militares citadas pelo jornal New York Post indicam que a movimentação faz parte de uma operação de dissuasão e vigilância sobre o Caribe, uma área marcada pelo tráfico de drogas e tensões geopolíticas.
Mestres do voo noturno
Criados em 1981 após falhas em resgates no Irã, os “Night Stalkers” especializaram-se em voar a baixíssima altitude e sob total escuridão. Seu lema “Death Waits in the Dark” (“A morte espera no escuro”) expressa a natureza de suas missões: entrar e sair de territórios hostis sem serem detectados.
Os pilotos passam por anos de treinamento até se qualificarem para a unidade, e cada missão envolve uma combinação de sigilo, precisão e coordenação com forças terrestres. Além do Paquistão, o grupo já operou em países como Afeganistão, Iraque, Somália e Síria, sempre em missões que exigem discrição e risco extremo.
Equipamentos exclusivos
Nenhuma outra divisão do Exército dos EUA usa os pequenos helicópteros vistos recentemente perto da costa venezuelana. Os “Little Birds” são aeronaves ágeis, capazes de pousar em telhados, clareiras ou até plataformas marítimas. Já os MH-60 Black Hawks, modificados com sensores de visão térmica e contramedidas eletrônicas, podem voar quase sem ruído e operar em ambientes com defesa antiaérea ativa.
Os voos observados no Caribe podem indicar preparações para ações contra cartéis de drogas ou até operações clandestinas em solo venezuelano, segundo especialistas. A hipótese de uma intervenção direta é considerada remota, mas o simples deslocamento da unidade para a região é interpretado como um recado a Maduro.
Operações já em andamento
O próprio Donald Trump divulgou vídeos de ataques realizados no mar do Caribe, afirmando ter autorizado a destruição de submarinos usados no tráfico de drogas. Segundo o presidente, uma das embarcações “estava carregada de fentanil e outras drogas” com destino aos Estados Unidos.
Desde agosto, o governo norte-americano afirma ter destruído seis navios suspeitos vindos da Venezuela. Paralelamente, bombardeiros B-52 sobrevoaram a região como nova demonstração de força.
Maduro reagiu com discursos de resistência. O líder venezuelano afirmou que “o povo está pronto para o combate e para a batalha”, e exibiu vídeos de civis treinando com armas, embora observadores descrevam as imagens como simbólicas e improvisadas.
O Exército venezuelano tem cerca de 125 mil soldados regulares, mas o regime alega poder mobilizar “milhões de milicianos”. Em contraste, o poder aéreo e tecnológico dos Estados Unidos torna qualquer confronto direto praticamente inviável para Caracas.
Perguntado sobre os riscos de confronto, Trump afirmou que Maduro “não quer brincar com os Estados Unidos”, chamando o governo venezuelano de “ilegítimo”. O republicano também confirmou ter autorizado operações secretas da CIA dentro do país, sob o argumento de conter o tráfico e o envio de criminosos libertados para o território americano.
A função estratégica dos ‘Night Stalkers’
Mais do que uma tropa de ataque, os “Night Stalkers” funcionam como instrumento político e psicológico. Sua simples presença próxima à Venezuela serve para pressionar Maduro e sinalizar poder a aliados da região, sem necessidade de confronto aberto.
A unidade combina poder bélico e discrição, simbolizando a capacidade dos EUA de agir rapidamente em qualquer ponto do planeta, de forma quase invisível.
A aparição dos “Night Stalkers” perto da América do Sul marca um novo capítulo da guerra de sombras que os Estados Unidos travam fora dos holofotes. Em meio ao discurso inflamado de Trump e à fragilidade do regime venezuelano, o movimento reafirma o papel do 160º Regimento como a ponta mais afiada — e mais secreta — do poder militar norte-americano.
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