Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor-Presidente e Editor-Geral do Site do Jornal Espaço
Regime exibe poder bélico construído com ajuda da Rússia e de antigos caças F-16 diante de presença dos EUA no Caribe

Venezuela recebeu 16 F-16A de Washington nos anos 1980. Foto: Reprodução/Força Aérea Venezuelana
Na última semana, o governo de Nicolás Maduro iniciou uma ampla mobilização militar e o treinamento de civis para combate. As medidas ocorrem em meio à presença de navios e caças dos Estados Unidos no Caribe, que, segundo os norte-americanos, participam de uma operação contra o tráfico de drogas na região.
O regime chavista ativou novas zonas de defesa em todo o país e orientou os venezuelanos a “se prepararem para o pior”. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, disse que a Venezuela enfrenta uma “grave ameaça” e pediu que a população se junte ao esforço “patriótico” de defesa.
Imagens de civis armados, rastejando na lama e realizando treinamentos militares, passaram a ser exibidas pela TV estatal desde então. Para analistas, o governo tenta exibir força e coesão interna diante da escalada de tensões com Washington, que já deixou dezenas de mortos a em ataques contra embarcações supostamente utilizadas por traficantes.
“Esses sistemas nunca foram projetados para impedir uma intervenção dos EUA”, disse o pesquisador Andrei Serbin Pont, especialista em assuntos militares venezuelanos, ao jornal The New York Times. Segundo ele, o discurso de defesa nacional serve mais para consolidar apoio político do que como preparação real para um confronto.
Forças armadas: chavismo e Moscou
As Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) se tornaram um dos principais pilares do regime de Maduro. Desde o governo de Hugo Chávez, Caracas investe fortemente em armamentos russos, como tanques T-72, sistemas de mísseis S-300 e rifles Kalashnikov.
A Venezuela conta hoje com cerca de 123 mil militares ativos – entre Exército, Armada, Aviação e Guarda Nacional – segundo dados do IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos).
No ranking norte-americano Global Fire Power (GFP), que classifica os países de acordo com a capacidade bélica total, o país ocupa a 50ª posição, atrás de vizinhos sul-americanos, como Brasil e Colômbia.
O Exército, chefiado pelo major-general Johan Hernández Lárez, é o mais numeroso e politicamente alinhado ao governo. Dele vieram nomes centrais do chavismo, como Chávez, Diosdado Cabello e o próprio Padrino López.
Mesmo com o arsenal russo, especialistas apontam limitações graves. A crise econômica, a falta de peças e êxodo de militares reduziram a capacidade operacional das forças armadas venezuelanas ao longo dos anos.
Jatos russos, mas também norte-americanos
A Aviação Militar, comandada pelo major-general Lenín Ramírez Villasmil, é considerada a força mais tecnológica da FANB. O destaque está nos caças russos Sukhoi Su-30MK2, equipados com mísseis antinavio e de longo alcance.
Em setembro, durante a escalada com os EUA, a FANB divulgou vídeos de dois Su-30 armados sobrevoando o litoral venezuelano – uma resposta simbólica à movimentação da frota norte-americana no Caribe.

Um Su-30 russo em uma pista de decolagem. Foto: Reproducão/X/@Bricktop_NAFO
Mas a frota da Venezuela também inclui caças norte-americanos. É o caso dos F-16, que foram comprados nos anos 1980, quando Caracas ainda mantinha relações próximas com Washington.
Os EUA entregaram 24 aeronaves à Venezuela entre 1983 e 1985, o que fez dos venezuelanos o primeiro país sul-americano autorizado a operar o modelo. Atualmente, segundo dados da Flight Global, apenas quatro F-16 permanecem operacionais.
Esses aviões chegaram a ser decisivos durante a tentativa de golpe de 1992, mas as sanções impostas após a aproximação de Chávez com Moscou e Pequim deixaram a frota sem peças de reposição.
Defesa antiaérea e poder naval
A Venezuela mantém um sistema de defesa aérea robusto, composto por 12 baterias de mísseis S-300, 9 sistemas Buk e 44 Pechora, além de lançadores portáteis Igla-S – todos de origem russa.
Já a Armada Bolivariana, sob comando do almirante Ashraf Suleimán Gutiérrez, é considerada o elo mais fraco. Hoje, conta com uma única fragata e um submarino em operação, além de nove navios de patrulha oceânica, segundo a rede norte-americana CNN.
Segundo especialistas, parte da frota foi equipada com mísseis de fabricação chilena e iraniana, mas ainda carece de sistemas de defesa modernos.
Sugestões de pautas ou denúncias é só enviar no e-mail: redacao@jornalespaco.com.br
Contatos de Reportagens e Marketing:
62 9 9989-0787 Vivo
62 9 8161-2938 Tim
62 9 9324-5038 Claro
Instagram: @Jornal Espaço