segunda-feira - 20 - maio - 2024

Mundo / China / Economia: Nova Rota da Seda: China encolhe e reinventa carro-chefe de sua estratégia geopolítica para reduzir riscos

Nova rota da seda completa 10 anos com mais investimento e menos empréstimos. Foto: Pedro Henrique Batista Barbosa

 

Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor-Presidente e Editor-Geral do Site do Jornal Espaço

 

 
O ambicioso projeto chinês de estabelecer uma nova rota da seda completa dez anos com um perfil mais esguio, o olhar mais focado e mais investimentos em tecnologia que infraestrutura pesada. Apesar das oscilações e dos percalços da última década, a iniciativa continua bastante viva na visão estratégica de Pequim, que pretende celebrar o aniversário no próximo mês numa grande conferência com a presença de vários chefes de Estado, incluindo o presidente russo, Vladimir Putin.
 
Mas a ambição inicial teve que se adaptar às circunstâncias. Num contexto de múltiplos fatores de instabilidade, como a guerra na Ucrânia, a crise de crédito em países mais pobres e a desaceleração econômica na China, já não há mais tanto apetite para empreendimentos grandiosos. A ordem agora, pregam as autoridades chinesas, é uma rota da seda “pequena e linda”, com projetos sustentáveis e de menor risco, de preferência liderados por empresas privadas. No primeiro semestre do ano, pela primeira vez o volume de investimentos em países da nova rota da seda superou o de empréstimos.

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A pandemia aplicou um novo golpe e em 2020 os compromissos chineses na iniciativa caíram para metade do que haviam totalizado em 2015. Além disso, em muitos países os projetos não avançaram como se esperava, e muitas lições tiveram que ser aprendidas para reduzir não só os riscos econômicos, mas também os políticos e sociais. Empreendimentos com a marca da nova rota da seda enfrentaram protestos populares e oposição política da Ásia Central à África, em meio ao temor de que os financiamentos chineses tornariam os governos locais reféns de Pequim. O pano de fundo era a acusação nascida na Índia e difundida no Ocidente de que a estratégia chinesa era montar uma “armadilha da dívida” para tomar conta de ativos dos países devedores ao conceder empréstimos impagáveis.

Especialistas ocidentais já derrubaram a tese de que a China tem como estratégia uma “diplomacia da dívida”, para explorar países pobres endividados. Ao contrário da imagem de um poder centralizado em Pequim que movimenta as peças de forma coordenada, a realidade é que o sistema de financiamento chinês é fragmentado demais para que possa ser ordenado numa só direção, aponta um relatório do centro de estudos Chatham House, de Londres. Ainda assim, a acusação arranhou a reputação do governo chinês, que ficou mais cauteloso ao lidar com empréstimos.

 

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