Balanço do Sistema Faeg, Senar e Ifag mostra força no agro, mesmo com o crescimento modesto da economia e inflação alta. Segundo o presidente da Faeg, Zé Mário, 2022 será um ano de reconstrução e cautela
Setor do agropecuário apontou força e estabilidade em 2021 Foto: Divulgação Tecnoshow Comigo
Nos últimos anos o Mundo precisou se adaptar depois dos impactos na economia provocada pela pandemia da Covid-19, principalmente no setor agropecuário. Não foi a toa que um balanço divulgado nesta quinta-feira, 16/12, pelo Sistema Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás classificou 2021 como “um ano de restrições e resiliência”.
No entanto, dois anos depois do início de uma crise que abalou a economia mundial, o presidente da Faeg e deputado federal Zé Mário, avalia que o ano encerra com muito otimismo, porém, cautela.
“Podemos comemorar várias situações, mas o principal ponto do setor agropecuário é que não faltou alimento. Houve um aumento no custo do alimento ocasionado por vários fatores, mas nós conseguimos abastecer a mesa de nossos brasileiros. Mas com a diminuição da renda e de outros aspectos dificultou bastante a vida do consumidor, mas o setor agropecuário ajudou o Brasil nesse momento tão difícil de pandemia”, avalia ele.
Apesar de um crescimento mais modesto da economia e inflação alta, o balanço apontou ainda que o agro mostrou força, já que a cada US$ 10 em vendas ao exterior por Goiás, US$ 7,8 são em produtos do agro. Além disso, dados do mercado internacional apontam que sem o agro, a balança comercial goiana seria negativa em UR$-3.1 bilhões.
Além do ambiente econômico, as dificuldades climáticas em 2021 impediram que o estado registrasse mais uma safra recorde de grãos, mesmo com um crescimento de 1,6% da área plantada no ciclo 2020/2021.
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O Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás aponta ainda que o longo período de estiagem durante a segunda safra, que levou a perdas na produção de milho, sorgo, girassol, trigo e cana-de-açúcar no estado.
“Nós tivemos uma quebra e houve uma perda na oferta e dificuldade. A gente espera que isso se estabilize. Quando as coisas vão bem na roça, a cidade sente esses benefícios. Mas por outro lado nós temos que considerar que o custo aumentou mais de 90%. O que nós precisamos é estabilizar isso”, comentou Zé Mário.
Já na pecuária, a produção goiana de carnes bovina, suína e de frango deverá fechar 2021 com um avanço de 2%, 5% e 18%, respectivamente. De janeiro a outubro deste ano, as vendas externas de carne bovina, em toneladas, subiram 1,1% ante igual período de 2020, e as de frango, 2,5%.
A estimativa para a produção leiteira e de ovos é de recuo em 2021 (de 1,5% e 3,0%, respectivamente), resultado de um processo de aumento maior nos custos de produção das atividades pecuárias, do que nos preços recebidos pelo produtor.
Entre os desafios vivenciados em Goiás neste ano foi a elevação dos custos de produção. De acordo com o Ifag, em outubro de 2020 eram necessários 27,07 litros de leite para adquirir um saco de 60 quilos de milho, já em igual período de 2021, para a mesma aquisição, seriam necessários 33,19 litros, alta de 23% em um ano. Esse incremento no custo operacional efetivo, no mesmo período em comparação, foi de 80,1% para pecuária de corte e de 42,3% para pecuária leiteira.
Por outro lado, destaca-se entre os avanços para o agronegócio em Goiás, o recorde na produção de soja, com a colheita de 13,1 milhões de toneladas na safra 2020/2021, e o Valor Bruto da Produção (VBP) goiana, que “ultrapassará os R$ 95 bilhões em 2021”. De janeiro a outubro de 2021, o agronegócio do estado gerou US$6,4 bilhões nas exportações, crescimento de 4,9% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
“A gente espera de 2022 a reconstrução de nossas bases”
Presidente da Faeg e deputado federal Zé Mário | Foto: Fredox Carvalho
Zé Mário acredita que o próximo ano será de reconstrução. “Houve um desarranjo no Mundo em função do custo de energia, dificuldade de logística e o que a gente espera de 2022 é a reconstrução de nossas bases, é claro que com muita cautela para que 2023 Goiás Brasil e o Mundo volte a crescer com um número melhor de forma mais harmônica”, comentou ele durante coletiva de imprensa de apresentação de resultados.
Ainda segundo ele, a expectativa é de que haja um arranjo com algumas questões que neste ano houve complicações. “Estamos desarranjados com a questão de logística, vemos máquinas paradas por falta de chip eletrônico, por exemplo”, citou ele.
Com as eleições previstas para 2022, o presidente da Faeg acredita ainda que o ano eleitoral poderá influenciar a economia no país, mas ele acredita que haverá um equilíbrio.
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“O ambiente político influencia um pouco. Então isso no decorrer do próximo ano vamos observar o que pode ocorrer. Mas acredito que não teremos grandes impactos nesse aspecto. Temos que tentar fazer um equilíbrio para que isso não impacte na economia brasileira”. disse ele durante entrevista ao repórter do NG, Vinícius Portugal.
Pandemia e vacinação
Zé Mário lembrou ainda sobre o trabalho de conscientização e vacinação dos produtores agropecuários. “A gente procurou levar essas informações para todos (os produtores) que não têm informações. Nossa cobertura vacinal poderia ser melhor, mas graças a Deus estão quase todos vacinados”, comentou.
Feiras agropecuárias
Goiás é palco de várias feiras de agronegócio que há dois anos não acontecem devido a pandemia. No entanto, a expectativa é de que os eventos retornem em 2022 e ajude a movimentar a economia local.
“Temos marcado a TecnoShow, em Rio Verde, em Jataí, e temos várias feiras já marcadas em outros locais do Brasil. Esperamos que essas feiras retornem porque elas impulsionam a economia local”, comemorou Zé Mário.