quinta-feira - 24 - abril - 2025

Covid-19: Aparecida de Goiânia se torna referência no Brasil em pesquisa de sequenciamento genômico

Aparecida de Goiânia se torna referência no Brasil em pesquisa de sequenciamento genômico

Dos 14 casos comprovados de reinfecção pelo vírus Sars-CoV-2 no Brasil, três foram identificados em Aparecida de Goiânia. Foto: Claudivino Antunes

Programa implantado no município é a maior estratégia de vigilância genômica em cidades do Brasil e conseguiu identificar três casos de reinfecção, sendo dois pela nova variante

A Prefeitura de Aparecida de Goiânia implantou o próprio programa de pesquisa Sequenciamento Genômico e consegue identificar três casos de reinfecção no município. A confirmação foi feita nesta última sexta-feira, 23/04, após as análises dos casos encaminhadas à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Segundo a administração municipal, os casos referem-se a pacientes que realizaram o exame RT-PCR e testaram positivo para a Covid-19 em duas ocasiões diferentes, dentro de um intervalo de mais de 90 dias. Dois deles foram reinfectados pela linhagem P.1, conhecida como variante de Manaus.

No Brasil, dos 14 casos comprovados de reinfecção pelo vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, três foram identificados em Aparecida de Goiânia, por meio do trabalho de sequenciamento genômico de rotina realizado no município, que decidiu lançar um programa próprio de Sequenciamento Genômico. A iniciativa é maior estratégia de Vigilância Genômica já realizada em uma cidade brasileira.

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“Há um ano realizamos testagem em massa por meio do RT-PCR, com mais de 250 mil exames padrão ouro realizados na cidade. Todas as amostras de material coletadas para realização do exame que tiveram resultado positivo para a Covid estão armazenadas. É um banco de dados muito rico, que se bem aproveitado e estudado tem potencial de nos ajudar a entender melhor a dinâmica de evolução e dispersão do vírus. Por isso, investimos na contratação de parceiros que dispusessem de tecnologia e equipe treinada para a realização do sequenciamento”, explica o secretário Municipal de Saúde, Alessandro Magalhães.

Desde então, segundo Alessandro, 97 amostras de pacientes que testaram positivo para a doença já foram analisadas, sendo 46 coletadas no ano passado e 51 em 2021. Ainda de acordo com a Prefeitura, as análises são feitas seguindo três critérios: “material de pessoas com suspeita de reinfecção, isto é, com dois RT-PCR positivos em um intervalo superior a 90 dias, e com carga viral suficiente para realizar o processamento; material de pacientes com menos de 60 anos e sem comorbidades que ficaram internados na UTI do Hospital Municipal de Aparecida (Hmap); e material de pacientes aleatórios, agrupados por semana epidemiológica”.

“Nossa expectativa é que em breve possamos realizar 150 sequenciamentos genômicos do Sars-CoV-2 por mês”, disse o secretário municipal da Saúde. Antes do Programa Municipal, Aparecida já havia contribuído com análises de sequenciamento, encaminhando 29 amostras à Fiocruz.

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Perfil dos pacientes

Pesquisas realizadas pela Prefeitura constatou ainda que 86,3% dos pacientes que precisaram de internação em UTI tinham menos de 60 anos e foram infectados pela variante P1 e originária do Reino Unido.

“Enquanto nos materiais analisados de 2020 não identificamos nenhuma variante considerada de preocupação, nas amostras deste ano, 58,8% foram das linhagens P.1 e 3,9% da B.1.1.7., originária no Reino Unido. Além disso, dos 22 pacientes com menos de 60 anos e sem comorbidades que desenvolveram formas graves e precisaram de internação em UTI, 19 foram infectados por essas duas variantes, que juntas foram responsáveis pela contaminação de 86,3% dos pacientes desse grupo estudado”, explica a diretora de Avaliação de Políticas de Saúde da Secretaria de Saúde de Aparecida, Érika Lopes, responsável também pelo Programa de Sequenciamento Genômico.

A diretora explica ainda sobre a importância da monitoração dos casos para avaliar a mutação do vírus.

“É preciso esclarecer que enquanto o Sars-CoV-2 estiver circulando, infectando e reinfectando pessoas, ele sofre mutações. Esse é um processo natural da replicação do vírus. Algumas dessas mutações podem garantir um maior poder de adaptação, gerando novas linhagens mais infectantes, letais ou com escape imunológico. Por isso, é importante identificar e monitorar as variantes em circulação. A reinfecção não é um evento raro, mas com a baixa escala de sequenciamento genético realizado no Brasil, pouco ainda se sabe. Porém, com os dados em mãos, podemos relacioná-los com as informações epidemiológicas dos pacientes e assim entender melhor a dinâmica de evolução e dispersão do vírus”, comentou.

 

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