segunda-feira - 20 - maio - 2024

Coronavírus: Prefeito de Ceres negou ter conhecimento sobre seleção para aplicação da vacina

Prefeito de Ceres Edmario diz que desconhece seleção

Por Renato Violi, jornalista e nutricionista em formação

Em mais um desdobramento da investigação, feita pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), o prefeito de Ceres, Edmario Barbosa (Cidadania), disse ter recebido com surpresa a lista com nomes de pessoas vacinadas contra a Covid-19. As informações chegaram por meio das redes sociais e logo geraram repercussão em toda a cidade. À uma rede de televisão com cobertura nacional (RecordTV) o prefeito disse que instaurou um processo administrativo para apurar a conduta dos servidores envolvidos. “Para descobrir onde houve falhas, quem foi o responsável para punir essas pessoas, com certeza, que possam ter falhado durante esse percurso” afirmou o prefeito.

A conduta na qual o líder do executivo se refere é a aplicação das 876 doses das vacinas CoronaVac ou AstraZeneca destinadas à campanha de vacinação no município e que contemplaram pessoas fora dos grupos de risco estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Entre os vacinados estão médicos, parentes e amigos de donos de hospitais da cidade, que cadastraram às pressas as pessoas que até então receberam a vacina, sem que exerçam nenhuma atuação comprovada na linha de frente de enfrentamento ao coronavírus. O Ministério Público quer saber quais critérios foram usados para que a imunização fosse feita, uma vez que milhares de pessoas da própria cidade com idade acima de 85 anos não foram vacinadas e ainda esperam pelo imunizante.

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De acordo com o promotor que investiga o caso, um inquérito civil público foi aberto e a justiça deve punir todos os envolvidos, sejam eles os beneficiados ou quem permitiu a aplicação da dose. “Teve um erro por parte do município, que foi fornecer as vacinas para todas as atividades médicas da cidade. Não era para fazer isso. Era para primeiramente escalonar. O primeiro grupo preferencial seriam os que atuam no combate à Covid. Profissionais que lidam diretamente [com a Covid] por exemplo o SAMU que transporta os pacientes, os médicos que entubam os pacientes, as enfermeiras…” disse Marcos Alberto Rios, promotor de justiça.

Pelas contas do órgão, das 876 doses recebidas pela prefeitura de Ceres, metade deveriam ser destinadas ao grupo prioritário. O restante obrigatoriamente seria aplicado em idosos da cidade, o que não aconteceu.

Pelas redes sociais circulam fotos de pessoas que comemoraram o recebimento do imunizante, gerando revolta na população que aguarda ansiosa pela vacina desde a liberação do primeiro lote. “Tem que punir mesmo. É muito grave o que eles fizeram” disse a internauta Leonice Costa.

Improbidade Administrativa

As condutas da secretária de saúde Marjuery Seabra de Brito e da coordenadora de vigilância epidemiológica também estão sendo apuradas pelo MP-GO que deve pedir o afastamento das servidoras públicas por 120 dias até a conclusão dos autos. Para o MP-GO ficou claro que a falta de vigilância contribuiu para o desenvolvimento do problema.

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Pelos crimes relacionados o MP-GO poderá pedir a condenação dos envolvidos, a pena se condenados varia de 2 a 12 anos em regime fechado. Outra proposta é o pagamento de uma multa estipulada em R$50 mil.

De acordo com o advogado Leandro Borba Ferreira Nascente, tudo vai depender da conduta a ser perpetrada pelo promotor. Os suspeitos podem responder por peculato, previsto no artigo 312 do Código Penal, por corrupção ativa previsto no artigo 333. “O agente público também responde por improbidade administrativa, por violação aos princípios que regem a administração pública” salienta Borba.

Ainda que exoneradas dos respectivos cargos, as responsáveis pela pasta poderão ser punidas, uma vez que o crime de furar filas foi durante o trabalho da gestão.

Mais investigações pela frente

A própria lista de vacinados em Ceres, que pode ser encontrada no portal transparência (clique aqui e acesse) revelou novas informações que também estão em apuração. A de que pessoas que aplicaram a vacina não teriam sido imunizadas.

Mais informações, confira o vídeo:

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