Ordem veio 48 horas depois da cassação do mandato da pastora na Câmara
A deputada federal cassada Flordelis dos Santos de Souza foi presa em casa, em Pendotiba, Niterói, na Região Metropolitana do Rio, no início da noite desta sexta-feira. Ela teve a prisão preventiva decretada minutos antes pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói. A decisão veio 48 horas depois de o mandato da pastora na Câmara dos Deputados ter sido cassado e após pedido do Ministério Público estadual e do advogado Angelo Máximo, que representa o pai de Anderson do Carmo no processo criminal em que Flordelis responde pela morte do marido.
Flordelis saiu de casa acompanhada da advogada Janira Rocha e escoltada por policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), responsável pelas investigações sobre a morte do pastor Anderson do Carmo, marido da ex-deputada. Sem máscara, ela segurava uma Bíblia. “Fé em Deus. Amo vocês”, disse a pastora ao entrar na viatura da Polícia Civil. Flordelis vestia um casaco, usava uma faixa nos cabelos e estava de óculos de grau.
Os policiais da DHNSG chegaram à casa de Flordelis por volta das 17h30. Uma viatura ficou estacionada na entrada da casa aguardando a decretação da prisão, o que ocorreu às 18h13. Por volta das 18h30, com o mandado em mãos, eles tocaram a campainha da casa.
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Ao serem atendidos por um dos moradores, os agentes informaram que havia um mandado de prisão contra Flordelis. A entrada na casa foi liberada. Já dentro da residência, eles deram voz de prisão à pastora.
“Olá, gente. Chegou o dia que ninguém desejaria chegar. Estou indo presa por algo que eu não fiz, por algo que não pratiquei. Eu não sei para quê, mas estou indo com força e com a força de vocês. Orem por mim. Orem, orem. Uma corrente de oração na internet. Busquem a Deus, está bom? Um beijo, amo vocês”, diz Flordelis na gravação.
Na decisão decretando a prisão, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce proibiu que Flordelis tenha contato com outros réus no processo, que também estão presos. A magistrada determinou que ela permaneça em uma unidade prisional diferente das demais acusadas — duas filhas da pastora, uma neta e a mulher de um policial militar estão presas acusadas de participação no crime e em um plano para atrapalhar as investigações.
Flordelis foi denunciada como mandante do assassinato em agosto do ano passado e não tinha sido presa porque como deputada federal tinha imunidade parlamentar, prevista na Constituição Federal. Com a cassação do mandato e sua publicação no Diário da Câmara dos Deputados, Flordelis deixou de contar com a proteção constitucional. Nesta sexta-feira, o MP pediu a prisão de Flordelis, argumentando que a deputada cassada tinha tentado diversas vezes interferir nas investigações e no processo.
Fonte: O Globo