Pesquisadores da Fiocruz lembram que a cobertura vacinal vem aumentando gradualmente, tendo atingido, recentemente, 55% da população total, portanto ainda distante do patamar ideal
Boletim recomenda manutenção de medidas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização das mãos; atividades com maior concentração de pessoas devem ser realizadas com comprovante de vacinação // Foto: Fernando Frazão/Ag. Brasil
O novo Boletim do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta quarta-feira (4/11) pela instituição, adverte para a necessidade de cautela na retomada de eventos sociais com aglomeração, considerando somente o percentual de adultos completamente vacinados. Os pesquisadores do Observatório afirmaram ser fundamental que se atinja o patamar de 80% de cobertura vacinal da população total para que sejam retomados eventos com grande público. Alcançada essa meta, alertam que, além dos adultos, a campanha de imunização deve atingir também crianças e adolescentes.
Os cientistas lembraram que a população de adolescentes, pelo tipo de comportamento social que tem, é um dos grupos com maior intensidade de circulação nas ruas e convive com outros grupos etários e sociais mais vulneráveis.
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“Por isso, é equivocado pensar que, com a população somente adulta coberta adequadamente, a retomada irrestrita dos hábitos que aglomeram pessoas é possível”, diz o boletim.
De acordo com o boletim, a cobertura vacinal vem aumentando gradualmente, tendo atingido, recentemente, 55% da população total, portanto ainda distante do patamar ideal. O documento destaca também a existência de uma quantidade significativa de pessoas que precisam retornar aos postos de saúde para a segunda aplicação da vacina contra a covid-19.
Segundo destacam os pesquisadores, a recomendação é que, enquanto se caminha para um patamar ideal de cobertura vacinal, medidas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização das mãos devem ser mantidas e a realização de atividades que representem maior concentração e aglomeração de pessoas só sejam realizadas com comprovante de vacinação. O documento acentua que países do Leste Europeu, bem como os Estados Unidos, vêm apresentando surtos de covid-19 em condições de baixa cobertura de vacinação, o que deve ser evitado no Brasil.
Mesmo com óbitos em queda, taxa de diagnóstico de covid permanece alta
Na avaliação dos pesquisadores da Fiocruz, o cenário brasileiro ainda é de estabilidade nas taxas de transmissão do vírus Sars-CoV-2. Foram notificados, em média, 11.500 casos e 320 óbitos diários, ao longo da Semana Epidemiológica (SE) 43, compreendida entre os dias 24 e 30 de outubro. Esses números representam redução de 0,7% ao dia nos registros de casos e menor velocidade de redução do número de óbitos no país, que agora atinge 0,4%, depois de 14 semanas de redução acelerada e sustentada, com velocidade de 1% a 2%.
Os cientistas acentuaram que embora o registro de casos e de óbitos por covid-19 se mantenha em trajetória declinante, a taxa de positividade dos testes de diagnóstico permanece alta, o que pode ser atribuído à exposição ao vírus e à presença de indivíduos fora de casa.
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“O Índice de Permanência Domiciliar mostra, por exemplo, que há mais pessoas nas ruas do que antes da pandemia”, indica o boletim.
No que se refere à ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS), o indicador se mantém em patamares inferiores a 50% na maior parte das unidades da Federação. Segundo o documento da Fiocruz, o único estado na zona de alerta intermediário é o Espírito Santo (67%). Com exceção dos estados onde não ocorreu a retirada de leitos destinados à covid-19, os aumentos mais significativos do indicador foram registrados no Pará (34% para 47%) e no Rio Grande do Norte (41% para 50%), entre os dias 25 de outubro e 1º de novembro.
“É importante também comentar que as taxas do Rio Grande do Sul (54%) e sua capital, Porto Alegre (63%), estão baseadas em todo o conjunto de leitos de UTI disponíveis no SUS, tanto para covid-19 quanto para outras causas de internação, e que possivelmente as taxas específicas para covid-19 seriam mais baixas”, observaram os pesquisadores.
(Com informações da Agência Brasil)