A estudante Isadora de Morais, de 14 anos, que ficou paraplégica após ser baleada por um colega dentro de um colégio, em Goiânia, recebeu alta médica do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) na tarde desta quarta-feira (13). Ela ficou mais de um mês na unidade de saúde. Na saída, recebeu a visita do cantor Israel Novaes, que soube que ela é sua fã e fez questão de homenageá-la.
Após receber a surpresa, Isadora agradeceu a presença de todos que vieram recebê-la. Ela contou que se sente mais forte depois de tudo o que passou.
“A gente nunca pode perder o sorriso. Eu sempre fui assim e vou continuar sendo. Quando eu vi a surpresa eu pensei ‘meu Deus’. Me senti muito importante”, afirmou.
O cantor Israel Novaes desceu as escadas em frente à Isadora cantando para ela. Ele falou que ficou muito feliz de poder fazer parte desse momento.
Isadora ficou paraplégica após ser baleada por um colega no colégio Goyases, no dia 20 de outubro deste ano. Os tiros causaram as mortes de João Pedro Calembo e João Vitor Gomes, ambos de 13 anos, e deixaram quatro feridos. O atirador, de 14 anos, filho de um casal de policiais militares, foi apreendido e está cumprindo decisão de internação provisória.
Inicialmente, Isadora foi levada ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e, desde 9 de novembro, estava no Crer. Os outros três colegas que ficaram feridos já receberam alta médica.
No último dia 29 de novembro ela gravou um vídeo pedindo que todos continuem na torcida pela recuperação dela.
Mais homenagens
Além do cantor, Isadora também foi recebida por amigas e colegas de sala, que chegaram ao Crer com cartazes e flores. Elas contam que vieram dar forças para a estudante.
“Fiz um cartaz com o apelido dela, que é Risadora, por ela ser muito alegre. A gente é muito próxima, queremos mostrar pra ela que estamos aqui pra dar apoio. Tenho falado com ela e ela está bem, está começando a superar”, disse a estudante Bruna Caroline de Moraes Almeida 14 anos.
Pai da Isadora, o jardineiro Carlos Alberto de Morais, de 49 anos, se emocionou ao ver a filha, finalmente saindo da unidade de saúde.
“Vencemos. Estou mais tranquilo com essa alta. Um pouco de revolta ainda. Continuo muito revoltado com o que aconteceu. Mas Aliviado, o choro hoje é de alegria”, disse .
Investigação
A Polícia Civil foi ao Crer ouvir a aluna. O delegado responsável pelo caso, Luiz Gonzaga Júnior, disse que este era o último depoimento pendente e só aguarda um laudo de local de morte violenta para concluir a investigação.
Mesmo assim, o delegado explicou que já remeteu o auto de investigação à Justiça e que não tem mais dúvidas sobre o que aconteceu. “Já está concluso o procedimento, falta só a juntada do laudo. Mas quando à dinâmica dos fatos, a motivação e demais esclarecimentos já foram apresentados na investigação”, explicou.
O atirador levou a pistola .40 da mãe para a escola. No intervalo entre duas aulas, ele sacou a arma e atirou contra os colegas. A coordenadora da unidade, Simone Maulaz Elteto, foi quem convenceu o aluno a travar a arma e se entregar.
Segundo o delegado, o autor dos tiros disse que sofria bullying de um colega e, inspirado em massacres como o de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, decidiu cometer o crime. O menor foi apreendido logo após os tiros.
Internação
O Juizado da Infância e Juventude de Goiânia, decidiu, no dia 28 de novembro, manter o adolescente internado. A sentença cita que a ação foi “premeditada” e “impossibilitou por completo qualquer defesa” dos baleados.
De acordo com a advogada de defesa da família do adolescente, Rosângela Magalhães, o estudante pode ficar até três anos internado, sendo reavaliado a cada seis meses. Ela afirmou que não vai recorrer da decisão e pontuou que o menino deve voltar a estudar.
Fonte: G1 Goiás