Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor-Presidente e Editor-Geral do Site do Jornal Espaço
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil – Arquivo
Campo Grande apresenta apenas 40% de vacinação completa em crianças aos 24 meses, segundo pesquisa feita por universidades
Um estudo realizado pelas universidades federais do Centro-Oeste revelou que a vacinação infantil está abaixo da meta em todas as capitais da região; Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Goiânia (GO) e Brasília (DF). Em média, apenas sete em cada dez crianças completaram o esquema vacinal recomendado até os 12 meses de vida.
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Esse índice cai ainda mais aos 24 meses, com apenas cinco em cada dez crianças em dia com vacinas como BCG, tríplice viral e hepatite B.
Campo Grande apresentou o menor índice entre as capitais: aos 2 anos, apenas quatro em cada dez crianças estão totalmente imunizadas. Nenhuma das capitais conseguiu atingir a meta de cobertura imposta pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações), que é de 90%.
Entre setembro de 2020 e março de 2022, pesquisadores da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), UFG (Universidade Federal de Goiás), UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e UnB (Universidade de Brasília) analisaram a vacinação de 5.715 crianças nascidas em 2017 e 2018.
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A coleta de dados foi realizada com base em questionários e nas cadernetas de vacinação das crianças. Fatores socioeconômicos, como renda familiar e escolaridade dos responsáveis, também foram analisados para entender possíveis influências na cobertura vacinal.
Salário maior, menor cobertura vacinal
A cobertura vacinal diminui à medida que a renda familiar aumenta. A exceção foi Cuiabá, onde a cobertura vacinal entre crianças de famílias com renda superior a R$ 8 mil e com maior escolaridade foi a melhor entre as capitais, atingindo 55%.
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Em Brasília, apenas 28% das crianças de famílias com melhores condições financeiras completaram o esquema vacinal. Em Campo Grande, esse índice foi de 25%.
Para a professora da Faculdade de Enfermagem da UFMT e coordenadora do estudo, Jaqueline Costa Lima, isso demonstra que a região Centro-Oeste não segue ações direcionadas pelo Ministério da Saúde.
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Segundo ela, as diferenças entre classes sociais abrem novas discussões sobre hesitação vacinal e acesso à informação.
“Entre as famílias de maior renda, o abandono da vacinação pode ocorrer por hesitação ou até mesmo por orientações equivocadas de profissionais de saúde, enquanto entre as famílias de menor renda o motivo é, muitas vezes, a falta de acesso e conhecimento”, explica Costa Lima.
Os pesquisadores alertam que a baixa cobertura vacinal, especialmente nas faixas etárias mais jovens, aumenta o risco de reintrodução de doenças já controladas, como o sarampo, comprometendo avanços sanitários obtidos nas últimas décadas.
“Esses dados podem subsidiar políticas públicas que considerem as desigualdades sociais e as vacinas com menor cobertura, especialmente até os 24 meses”, afirma Lima.
O Ministério da Saúde, questionando sobre os baixos índices de cobertura vacinal infantil nas capitais da região Centro-Oeste, e a pasta respondeu que está comprometida com “a recuperação das coberturas vacinais e o combate à desinformação sobre vacinas”. O ministério destacou que “o maior desafio na proteção da população continua a ser os ataques sistemáticos de desinformação que colocam em dúvida a segurança e eficácia das vacinas, com foco especial na vacinação de crianças”.
“Entre os avanços alcançados no período, destaca-se a reversão da tendência de queda na vacinação: em 2023, 13 das 16 principais vacinas do Calendário Nacional de Vacinação registraram crescimento em comparação a 2022. Além disso, o Brasil foi reconhecido em um relatório da UNICEF/OMS, que apontou que o país saiu da lista dos 20 com mais crianças não vacinadas no mundo; em 2021, ocupava o 7º lugar”, disse o ministério.
Leia a íntegra da resposta do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde está comprometido com a recuperação das coberturas vacinais e o combate à desinformação sobre vacinas. Entre os avanços alcançados no período, destaca-se a reversão da tendência de queda na vacinação: em 2023, 13 das 16 principais vacinas do Calendário Nacional de Vacinação registraram crescimento em comparação a 2022. Além disso, o Brasil foi reconhecido em um relatório da UNICEF/OMS, que apontou que o país saiu da lista dos 20 com mais crianças não vacinadas no mundo; em 2021, ocupava o 7º lugar.
O maior desafio na proteção da população continua a ser os ataques sistemáticos de desinformação que colocam em dúvida a segurança e eficácia das vacinas, com foco especial na vacinação de crianças.
A estratégia de vacinação atual do Ministério da Saúde é baseada em evidências científicas, discutida com especialistas e segue as diretrizes da Organização Mundial da Saúde. Desde que assumiu, a gestão do Ministério da Saúde priorizou a recuperação da confiança da população na vacinação para que o Brasil volte a ser uma referência internacional, após a acentuada queda vacinal no último governo.
Entre as medidas, destacam-se o lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, que mobiliza toda a sociedade; a realização de campanhas publicitárias; a adoção de uma estratégia de microplanejamento, com ações adaptadas à realidade local; e o combate à desinformação por meio do programa Saúde com Ciência. Também são promovidas ações específicas, como a vacinação nas escolas, que facilitam o acesso de crianças e adolescentes aos imunizantes.
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