Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor-Presidente e Editor-Geral do Site do Jornal Espaço
Foto: AFP
Líder do Hamas, Ismail HaniyehIranian Foreign Ministry
Um dirigente do Hamas afirmou, neste domingo (28), que o grupo islamista palestino não vê “grandes problemas” na mais recente proposta de Israel e Egito para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, após quase sete meses de guerra.
Uma delegação do movimento islamista viajará ao Egito na segunda-feira para entregar a resposta do grupo à contraproposta de Israel, informou o alto dirigente, que falou sob a condição do anonimato.
“O clima é positivo a menos que haja novos obstáculos israelenses. Não há grandes problemas nas observações e perguntas apresentadas pelo Hamas em relação ao conteúdo” da proposta, afirmou.
O governo israelense enfrenta pressões crescentes, internas e no exterior, para estabelecer um acordo que permita acabar com os bombardeios incessantes em Gaza, governada pelo movimento islamista palestino Hamas desde 2007.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará novamente para Israel e Jordânia, anunciou a administração dos Estados Unidos, enquanto se intensificam os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo em Gaza.
Durante um telefonema neste domingo, o presidente americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, “revisaram as negociações em curso para assegurar a libertação dos reféns juntamente com um cessar-fogo imediato em Gaza”, destacou a Casa Branca.
Catar, Egito e Estados Unidos atuam como mediadores e tentam obter um novo cessar-fogo para o território estreito e devastado, onde quase toda a população está próxima de um cenário de fome, segundo a ONU.
O portal de notícias americano Axios informou, com base em dois funcionários de alto escalão do governo israelense, que a proposta mais recente do país inclui a vontade de debater o “restabelecimento de uma calma sustentável” em Gaza após a libertação de reféns.
Esta é a primeira vez em quase sete meses de guerra que as autoridades israelenses sugerem que estão abertas a discutir o fim da guerra, segundo o Axios.
Uma fonte do Hamas, que acompanha as negociações, declarou à AFP que o grupo estava “aberto a discutir a nova proposta de maneira positiva”.
A fonte acrescentou que o grupo deseja “alcançar um acordo que garanta um cessar-fogo permanente, o retorno dos deslocados, um acordo aceitável para a troca [de prisioneiros] e o fim do cerco” em Gaza.
– Um ‘fracasso total’ –
Os países que desejam o anúncio de um acordo participaram neste domingo de uma reunião do Fórum Econômico Mundial na Arábia Saudita, onde o ministro das Relações Exteriores do país-sede, o príncipe Faisal bin Farhan, afirmou que a comunidade internacional falhou por não conseguir uma solução para Gaza.
“A situação em Gaza é obviamente uma catástrofe em todos os sentidos: humanitária, mas também um fracasso total do sistema político existente para enfrentar esta crise”, disse.
“Apenas um caminho confiável e irreversível na direção de um Estado palestino evitará que o mundo enfrente esta mesma situação dentro de dois, três ou quatro anos”, acrescentou.
O governo de Benjamin Netanyahu rejeita os apelos para a criação de um Estado palestino.
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, a organização que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada, fez um apelo ao governo dos Estados Unidos para impedir Israel de invadir Rafah, no sul de Gaza.
Quase 1,5 milhão de pessoas, a maioria deslocadas pela guerra, estão aglomeradas na cidade de fronteira com o Egito, onde uma operação militar israelense seria “o maior desastre na história do povo palestino”, afirmou Abbas.
Israel afirma que quatro batalhões do Hamas atuam na cidade e que a guerra não acabará até que o país consiga extirpar o movimento islamista, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
– Bombardeios ao longo do território –
A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos do Hamas invadiram o sul de Israel e assassinaram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. Também sequestraram quase 250 pessoas.
A ofensiva de represália de Israel deixou mais de 34.450 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza.
As autoridades israelenses calculam que 129 reféns permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 34 que morreram durante a guerra. A trégua de novembro permitiu a troca de 80 reféns por 240 prisioneiros palestinos.
O grupo islamista divulgou no sábado um vídeo em que dois reféns pedem ao governo israelense para negociar um acordo que permita sua libertação.
“A situação é desagradável, difícil e há muitas bombas”, afirma na gravação Omri Miran, de 47 anos.
O Ministério da Saúde de Gaza informou que pelo menos 66 pessoas morreram nos bombardeios israelenses contra o território nas últimas 24 horas.
Os ataques atingiram as cidades de Khan Yunis e Rafah, no sul, assim como a Cidade de Gaza, no norte.
No centro de Gaza, Mohammed al Hattab encontrou o filho de apenas um ano entre os escombros, após um bombardeio israelense contra o campo de refugiados de Nuseirat.
A Casa Branca anunciou neste domingo que uma doca construída pelos Estados Unidos entrará em operação em algumas semanas para aumentar o envio de ajuda para Gaza.
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