quinta-feira - 21 - novembro - 2024

Brasil / Cigarros Eletrônicos / Vape / Saúde Bucal: Além de câncer, cigarros eletrônicos causam proliferação de infecções bacterianas

Fotógrafo Rogério Neves

Cirurgiã-dentista Angélica Siqueira

 

Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor-Presidente e Editor-Geral do Site do Jornal Espaço

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, desde 2009, a fabricação, comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil, mas sua presença persiste ilegalmente.
A Associação Médica Brasileira (AMB) alerta para os riscos desses dispositivos, destacando seus potenciais danos à saúde, incluindo dependência e efeitos cancerígenos. Apesar de se apresentarem como alternativas menos nocivas, os cigarros eletrônicos contêm nicotina e substâncias tóxicas, podendo ser mais prejudiciais do que os cigarros convencionais.
Estima-se que o país já tenha dois milhões de usuários, a maioria jovens. Além de preocupações médicas, o uso de cigarros eletrônicos também afeta a saúde bucal, favorecendo doenças periodontais e comprometendo a estrutura dentária.

A forma como o produto vem sendo divulgado em diferentes países é problemática, pois leva as pessoas a acreditarem que é um produto menos nocivo do que os cigarros convencionais

Embora seja proibido, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, a fabricação, comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos – os dispositivos para fumar também conhecidos como Vape, Pod ou tabaco aquecido – no Brasil continua de forma ilegal. A Associação Médica Brasileira (AMB) alerta para os perigos dos cigarros eletrônicos, que contêm nicotina e outras substâncias tóxicas e cancerígenas. Eles destacam que, apesar de serem apresentados como menos agressivos, os “vapes” possuem riscos significativos à saúde, incluindo dependência e potenciais efeitos cancerígenos. Trata-se de um dispositivo eletrônico que produz um vapor inalável que contém nicotina e outras substâncias químicas. Em sua maioria, os consumidores utilizam como uma alternativa ao cigarro tradicional.

No entanto, qualquer produto derivado do tabaco causa dependência e é prejudicial à saúde. De acordo com o médico oncologista clínico do Centro de Oncologia IHG, Gabriel Felipe Santiago, a forma como o produto vem sendo divulgado em diferentes países é problemática, pois leva as pessoas a acreditarem que é um produto menos nocivo do que os cigarros convencionais. O tabaco, segundo Gabriel, fumado em qualquer uma de suas formas causa a maior parte de todos os cânceres de pulmão. “Os produtos de tabaco que não produzem fumaça também estão associados ou constituem fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça, pescoço, esôfago e pâncreas, assim como para muitas patologias buco-dentais”, completa.

Estima-se que o País já conte com dois milhões de usuários, sua maioria com idade entre 15 e 24 anos. Apesar da socialização de que o dispositivo não contém substâncias derivadas da combustão do cigarro, como monóxido de carbono e alcatrão, os cigarros eletrônicos acabam combinando substâncias tóxico com outros materiais, ainda, mais nocivos. De acordo com o Ministério da Saúde ele pode conter metais pesados, como chumbo, ferro e níquel.

Mesmo com os efeitos danosos mascarados, os cigarros eletrônicos têm causado grandes complicações a população, como a Evali. A sigla inglesa para uma condição conhecida como lesão pulmonar associada ao uso desses produtos. A utilização de cigarros eletrônicos tem preocupado, também a odontologia. Segundo a cirurgiã dentista, Angélica Siqueira, especialista em Dentística Restauradora, Implantodontia, Prótese e mestranda em odontologia, assim como a saúde geral, o uso de vapes pode ser prejudicial para a saúde bucal. “Um efeito mais grave do vape é o aumento do risco de doenças periodontais, que são infecções que afetam a gengiva e o osso que sustenta os dentes”, comenta.

O favorecimento às doenças periodontais vem das substâncias presentes no cigarro eletrônico, como o formaldeído, o acetaldeído e o acroleína, que danificam as células da boca e causam inflamações e irritações. Ainda, segundo Angélica, a condição, além de comprometer a estrutura dentária, provoca inchaço, dor, pus e mau cheiro. “O cigarro eletrônico além de ser potencialmente cancerígenos, comparado ao cigarro comum, afina os vasos sanguíneos na região da boca, o que causa contraindicação de cirurgia de implantodontia, devido a circulação ruim nas trabéculas ósseas. Ou seja, existe uma possibilidade de insucesso nas cirurgias devido a precariedade da vascularização”, ressalta.

A cirurgiã-dentista, cooperada à Uniodonto, Izabella Sposito, pontua que o consumo pode afetar, também, o sistema imunológico e aumentar os riscos de infecções bacterianas orais. “A candidíase é bem comum nestes casos, pois o fungo se aproveita da baixa imunidade para se proliferar na boca. A infecção pode causar manchas brancas na língua, no céu da boca e na garganta, além de dor, ardência e dificuldade para engolir”, alerta.

Com a redução do fluxo sanguíneo na região, causado pela nicotina, consumidores podem sofrer com a retração gengival que causa sensibilidade dentária, cárie, inflamações e até perda dos dentes. Além disso, a diminuição da salivação e o acúmulo de bactérias na região da boca, o vape, pode causar mau hálito, seus vapores podem, ainda, prejudicar a cicatrização de cirurgias, implantes e extrações dentárias.

A Anvisa começa nesta semana a consulta pública sobre a proibição dos cigarros eletrônicos. A sondagem será pelo site oficial, onde a sociedade pode fazer críticas, dar sugestões e contribuir para um possível ato normativo da agência. A consulta vai de 12 de dezembro a 9 de fevereiro de 2024.

 

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