quinta-feira - 21 - novembro - 2024

Brasil / Automóveis / Carros Coloridos: Por que o carro colorido sumiu? 67% dos veículos no Brasil são brancos, pretos ou cinzas

 

Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor-Presidente e Editor-Geral do Site do Jornal Espaço

 

Veículos vermelhos, no entanto, ainda resistem nas avenidas do país, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito


Por que o carro colorido sumiu? 67% dos veículos no Brasil são brancos, pretos ou cinzas
Por que o carro colorido sumiu? 67% dos veículos no Brasil são brancos, pretos ou cinzas

Fã de carros antigos, Andrés Pesserl lembra de quando podia escolher entre várias cores para o carro que iria comprar. A partir do final dos anos 1990, ele teve que se conformar com uma nova realidade.

“Eu fui vítima da imposição da oferta. Ou seja, desde então só tive carros prata, preto e branco. Mas, pelo contrário, meus carros de décadas passadas foram amarelos, verdes, vermelhos e azuis“, diz Pesserl, presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA).

Um levantamento do g1 com base em dados na Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) confirma a sensação de que as ruas estão menos coloridas: em junho de 2023, 80,4 milhões dos veículos no Brasil, ou 67% da frota total, são de uma dessas quatro cores:

  • branca (21,2%);
  • preta (18,9%);
  • prata (16,8%);
  • cinza (10,2%).
Carros branco e prata na avenida Paulista, em São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo

Carros branco e prata na avenida Paulista, em São Paulo — Foto: Reprodução/TV Globo

Além de carros, os dados da Senatran consideram também motos, caminhonetes, caminhões e outros tipos de veículos. Eram 63% em 2013, quando a secretaria passou a levantar as cores dos automóveis.

As cores dos veículos no Brasil em 2023

País tem 119 milhões de automóveis, 67% deles com cores neutras, como branco e prata

O ponto fora da curva descolorida é o vermelho, com 15,6% da frota.

Os dados indicam que o percentual de outras cores chamativas caiu nos últimos 30 anos. Cores como azul, verde, bege e amarela são residuais; juntas, somam 17% do total.

Entre os motivos, estão o fato de carros coloridos terem custo de produção maior e uma mudança do perfil de compra: o maior cliente das montadoras atualmente são as locadoras de veículos. Quem prefere carro colorido zero quilômetro tem que esperar meses nas concessionárias. (leia mais abaixo).

Essa reportagem também vai te mostrar:

  • O tamanho da redução das cores chamativas nos veículos nas últimas décadas;
  • Qual é a cor predominante dos veículos em cada uma das 5.570 cidades do Brasil;
  • As cidades com maior proporção de veículos de cores diferentes, como rosa e verde;
  • Os diversos motivos que explicam o sumiço dos carros coloridos.

Brasil sobre rodas menos colorido

Segundo os dados da Senatran, o Brasil está cada vez menos colorido. Branco, preto, prata e cinza são maioria em 95% dos 5.570 municípios brasileiros. Em 2013, eram maioria em 69% das cidades.

Um levantamento da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA) indica diversidade ainda maior de cores no passado.

Dos 13 mil veículos cadastrados com dado de cor disponível até 1993, a cor mais comum era azul, com 17%. Depois apareciam branco e vermelho, ambos com 16%, verde (11%), bege (10%), cinza (7%) e preto e amarelo, com 6%.

Avenida Paulista nos anos 1980; frota era mais colorida — Foto: Reprodução/TV Globo

Avenida Paulista nos anos 1980; frota era mais colorida — Foto: Reprodução/TV Globo

A cor predominante em cada cidade

A análise da cor de veículo predominante na frota de cada cidade mostra a força das tonalidades neutras.

O branco ocupa o topo do ranking, como cor predominante em 2.333 cidades, logo acima do vermelho, com a maior proporção da frota em 2.217 cidades, principalmente no Norte e Nordeste.

No entanto, o vermelho aparece em regiões com população muito mais baixa e, portanto, com menor quantidade de veículos.

Futuro pode ser mais colorido

Nesse contexto, a Fiat anunciou em junho deste ano que irá parar de produzir veículos cinzas e pratas —mas somente na Europa, por enquanto. A decisão da montadora tem como justificativa “destacar a importância das cores na vida, incorporando o jeito italiano de viver e reafirmando o novo valor da marca Dolce Vita” (doce vida, em italiano).

Roa pondera que não dá para ter certeza se essa mudança chegará ao Brasil e diz não acreditar que o cenário de concentração de cores deve mudar a curto ou a médio prazo. “O que vai mudar é, talvez, os veículos mais futuristas, mas não a médio prazo, mas a longo prazo”, afirma.

Outros entrevistados citam o crescimento do azul e vermelho nos últimos anos e afirmam que no futuro a tendência é que as ruas fiquem mais coloridas, mas dificilmente ao nível de décadas passadas.

“Pensando em tendência mais para a frente, a gente vê os tons que remetem ao bege, alguma coisa mais cobreada, marrom, que levam mais para o lado da natureza”, afirma o diretor da Basf Marcos Fernandes.

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