Anúncio foi feito nesta segunda-feira, 1º, pelo ministro da Saúde; em um primeiro momento, as primeiras remessas do medicamento tecovirimat serão usadas para casos mais graves
Publicado por: Marcelo José de Sá Diretor–Presidente e Editor-Geral do Site do jornal Espaço
O ministro da Saúde Marcelo Queiroga, anunciou nesta segunda-feira, 1º, que o Brasil receberá o antiviral tecovirimat para tratar pacientes com a varíola dos macacos (monkeypox). Em um primeiro momento, o medicamento será destinado aos casos mais graves da doença.
“O antiviral tecovirimat irá reforçar o enfrentamento ao surto de monkeypox no Brasil”, publicou ele. Em postagem nas redes sociais, Queiroga disse que a compra será realizada por intermédio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). O ministro, no entanto, não deu datas sobre quando devem chegar as primeiras remessas ao País.
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Na sexta-feira, 29, o ministério confirmou a prtimeira morte por varíola dos macacos registrada no Brasil. Trata-se de um paciente do sexo masculino, de 41 anos, com “imunidade baixa” e “comorbidades, incluindo câncer (linfoma)”, que levaram ao agravamento do quadro, de acordo com a pasta.
Em São Paulo, a Prefeitura de São Paulo confirmou o registro até o momento de três casos de varíola dos macacos em crianças no município. São as primeiras notificações no público infantil. Conforme informou a Secretaria Municipal da Saúde, todas estão em monitoramento, sem sinais de agravamento.
Especialistas reforçam a importância de serem redobrados os cuidados com imunossuprimidos, crianças, grávidas e idosos. A transmissão do vírus coloca em risco esses grupos considerados mais vulneráveis. Desta forma, medidas preventivas e de conscientização devem ser reforçadas para reduzir a proliferação da doença.
No dia 23 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou que a doença é uma emergência de saúde pública, de caráter global. A entidade levou em consideração o cenário “extraordinário” da doença, que já chegou a mais de 70 países.
Especialistas e autoridades sanitárias do País e dos Estados têm orientado às pessoas sobre como se prevenir, se proteger do monkeypox e evitar o contato com um vírus para o qual ainda não há uma vacina disponível no Brasil.
Surgimento dos casos
O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varíola dos macacos é endêmica. Desde então, países da Europa e da Ásia, assim como Estados Unidos, Canadá e Brasil, confirmaram casos.
Quando procurar um médico e o que fazer se estiver com doença?
Saiba os sintomas iniciais, para onde ir caso esteja com a suspeita de ter contraído a doença e o que fazer se os exames confirmarem
Com o aumento de diagnósticos confirmados de varíola dos macacos no Brasil e no muindo — são 813 casos no País, conforme divulgou o Ministério da Saúde na última segunda-feira, 25, e mais de 19 mil no mundo — cresce também a possibilidade de mais pessoas terem entrado em contato com o monkeypox, vírus causador da doença.
Apesar de tímidos dentro de uma escala global, os números da varíola dos macacos eleveram a doença ao patamar de emergência de saúde global no último sábado, 23, quando a Organização Mundial da Saúde.
Desde então, especialistas e autoridades sanitárias do País e dos Estados têm orientado às pessoas sobre como se prevenir, se proteger do monkeypox e evitar o contato com um vírus para o qual ainda não há uma vacina disponível no Brasil.
Saiba quais são as principais informações em relação aos sintomas iniciais da doença, para onde ir caso esteja com a suspeita de ter contraído o monkeypox e o que fazer se os exames confirmarem a contaminação.
Quais os primeiros e principais sintomas da varíola dos macacos?
Uma das primeiras manifestações da varíola dos macacos no seu estágio inicial é uma febre intensa e repentina. A pessoa contaminada também sente dores de cabeça, dores nas costas, náuseas, exaustão e cansaço.
Contudo, os gânglios inchados e feridas pelo corpo são dois dos principais e mais característicos sintomas. Os gânglios inchados costumam aparecer na região do pescoço, nas axilas e na cintura, próxima aos órgãos genitais. E as feridas, também chamadas de papulovesiculares uniformes, são lesões parecidas com espinhas ou bolhas que podem aparecer em vários locais do corpo, como mãos, pés, interior da boca e na região perineal.
Especialistas chamam atenção para alguns sintomas que podem induzir os pacientes ao erro. Um exemplo são as pequenas feridas no rosto, que embora se pareçam com uma herpes, pode ser varíola dos macacos.
O que fazer se eu estiver sentindo os sintomas?
O Ministério da Saúde recomenda que o aparecimento de febre alta e súbita, dor de cabeça e aparecimento de gânglios é o suficiente para um paciente procurar um médico em alguma unidade básica de saúde. “Procure seu médico, porque ele terá a capacidade de te examinar, fazer o diagnóstico e a condução clínica necessária”, informa a pasta. Na atenção primária da rede pública de saúde dos municípios, os profissionais vão analisar os pacientes e encaminhá-los para a coleta do exame.
Quais são os critérios para ser considerado um caso suspeito?
A orientação da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo é que quaisquer indivíduos, de qualquer idade, que apresentem início repentino de erupção cutânea (única ou múltipla), em qualquer parte do corpo e que tenha, nos últimos 21 dias antes do aparecimento dos sintomas, se relacionado de forma íntima com alguém; ou tido vínculo epidemiológico com casos suspeitos, prováveis ou confirmados de monkeypox; ou viajado para países onde há casos da doença confirmados; ou tido contato com quem viajou para locais onde a doença é endêmica, pode ser considerado um caso suspeito.
Se for considerado um caso suspeito, o paciente já deve praticar o isolamento.
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Como é feita a testagem?
O diagnóstico da doença é feito por meio do teste molecular ou sequenciamento genético. Um dos métodos consiste na utilização do swab (um bastão utilizado para a coleta de amostras), que é passado sobre as feridas. “Se faz uma fricção na base da lesão com a ponta do Swab, e depois introduz o bastão em um tubo estéril e o envia para um laboratório de referência”, detalha Bandeira.
Quanto mais rápida é feita a testagem mais eficaz serão as medidas de contenção dos vírus. Por isso, o infectologista Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), cobra das autoridades agilidade para a aquisição de mais testes.
“A gente precisa ser rápido, tanto na aquisição dos testes prontos que existem em outros países, como no desenvolvimento da produção nacional do material para que a gente consiga dar maior velocidade ao diagnóstico, porque o crescimento dos casos são exponenciais”, afirma Kfouri.
Testei positivo para varíola dos macacos. O que devo fazer?
A recomendação das autoridades é, uma vez infectado, com o diagnóstico laboratorial concluído, o paciente permaneça em isolamento e que pertences como roupa de cama, roupas e toalhas de banho passem por um processo de higienização, que inclui fervura e lavagem com água e sabão para descontaminar os objetos.
Quais são os tratamentos?
Em um comunicado emitido na segunda-feira, 23, que concentra informações e orientações sobre a varíola dos macacos, o Ministério da Saúde informa que a doença se faz por “tratamento de suporte”. “Geralmente, o paciente precisa de uma boa hidratação, se estiver com dor de cabeça tomar um remédio analgésico, se estiver com febre, tomar um antifebril e, fundamentalmente, a higienização das lesões.”
Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão existem, pelo menos, três antivirais que poderiam ser adquiridos pelo Brasil para ajudar no tratamento de pacientes diagnosticados com a varíola dos macacos. São eles: Tecovirimat, Cidofovir, e Brincidofovir. Os remédios, porém, não estão disponíveis para serem comercializados no Brasil porque não estão registrados e aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que inviabiliza uma importação direta dos medicamentos para o uso no País.
Existem casos assintomáticos da varíola dos macacos?
Para o médico Carlos Antônio Bandeira, coordenador do serviço de infectologia do Hospital Aeroporto, em Salvador (BA), e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), afirma que o Brasil não trabalha com a situação de casos assintomáticos. “A princípio, todas as pessoas que contraíram o vírus monkeypox desenvolveram os sintomas. Mas pode acontecer de alguém ter tido contato com uma pessoa (contaminada) e não pegar a doença.”
No entanto, Gonzalo Vecina, médico sanitarista e docente da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), afirma que já há verificação de alguns casos em que, “aparentemente o sujeito é assintomático total”. “Há vírus circulando no ambiente, a pessoa não está diagnosticada clinicamente, mas faz o exame e dá positivo.”
Já existe vacina contra o vírus monkeypox?
Sim e não. “Não” porque, atualmente, não há vacina disponível que atue diretamente contra a varíola dos macacos. Mas “sim”, uma vez que os imunizantes contra a varíola humana têm autorização de órgãos reguladores, como a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês), para serem aplicadas contra a monkeypox. As liberações foram concedidas pela semelhança entre os dois vírus, que pertencem à mesma família, a poxvirus. Países como os Estados Unidos já tem usado em sua população.
Depois que a varíola foi erradicada, o Brasil não imuniza a sua população contra a doença. O que significa que uma grande parcela das pessoas, sobretudo os que estão abaixo da faixa dos 45 anos, não está protegida contra o vírus. E ainda é cedo, segundo os especialistas, para afirmar com certeza se o imunizante adquirido há décadas vai funcionar nos dias de hoje.
Todos são unânimes, porém, ao dizer que, a princípio, não é preciso fazer campanha de vacinação em massa contra a monkeypox, como a covid-19 tem exigido. Isso porque, diferente do coronavírus, a monkeypox é menos letal, tem menor potencial de transmissibilidade, e possui baixa capacidade de mutação.
Quem deve se vacinar contra a doença?
O fato da varíola dos macacos não provocar excesso de óbitos e internações hospitalares não significa que não exista urgência na vacinação. A OMS recomenda que a vacinação seja destinada para profissionais de saúde, pessoas imunocomprometidas e pessoas que tiveram contato com casos confirmados da doença. Na segunda-feira, o Ministério da Saúde informou que estava em negociação com a OMS e com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para a aquisição de, aproximadamente, 50 mil doses iniciais para o Brasil.