quinta-feira - 24 - abril - 2025

Estados / Goiás / Polícia / Corrupção: Dono da Tropical Pneus, filhos e advogada estão presos por envolvimento no suposto desvio de R$ 71 milhões

Dono da Tropical Pneus, filhos e advogada estão presos por envolvimento no suposto desvio de R$ 71 milhões

Sérgio Carlos Ferreira, dono da Tropical Pneus, e seus dois filhos estão presos suspeitos de participarem do esquema de desvio de R$ 71 milhões. Foto: Reprodução

Ministério Público investiga fraudes em licitações em mais de 140 cidades goianas e de outros estado
Por Géssica Veloso

Sérgio Carlos Ferreira, dono da Tropical Pneus, seus dois filhos e uma advogada da empresa estão presos suspeitos de participarem do esquema de desvio de R$ 71 milhões via fraudes em licitações de órgãos públicos em municípios de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Bahia. Segundo investigações do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) existem indícios de que essas fraudes aconteciam há aproximadamente 20 anos.

As apurações também mostraram que o grupo criou várias empresas com características de pequenos negócios para pagar menos impostos e participar de licitações em pequenas cidades. Todavia, contavam com a estrutura de uma grande revendedora, o que lhes gerava vantagem.

Sete pessoas foram presas: Sérgio Carlos Ferreira (dono da Torpical Pneus, pai de Sérgio Filho e Raphael); Sérgio Carlos Ferreira Filho (empresário); Raphael Xavier Ferreira (empresário); Clodoaldo José Barbosa (empresário); Paulo Augusto Monteiro (contador); Lisa Fabiana Barros Ferreira (advogada da empresa) e Wener Miranda da Silva (representante comercial autônomo).

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O advogado Romero Ferraz Filho está defendendo os seis primeiros. O defensor informou, por meio de sua assessoria, que “não há crime no planejamento sucessório, instrumento jurídico que prevê, inclusive, a criação de empresas, portanto, não há nada que justifique as prisões, as quais se tenta a revogação antes mesmo da audiência de custódia”, disse.

O advogado de Wener, Rogério Pereira Leal, ressaltou que o cliente se declara inocente. Segundo a defesa, é desnecessária a prisão preventiva porque os investigados têm endereços fixos, bons antecedentes e poderiam ter sido chamados para prestar esclarecimentos sem precisarem ser detidos.

Já o MP afirmou que as investigações indicam que o empresário Sérgio Ferreira liderava os esquemas.

Os suspeitos foram presos na terça-feira, 26/10.

A operação que prendeu os sete investigados foi chamada de Fator R e também apreendeu, na casa de um deles, R$ 74 mil em dinheiro. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em vários endereços de Goiás e do Mato Grosso.

As investigações comprovam que houve fraudes em contratos em 148 cidades goianas, 49 municípios em Mato Grosso, um no Tocantins e um na Bahia.

De acordo com o promotor Sandro Barros, o esquema era vantajoso para o grupo ao participar de licitações em prefeituras de diversas cidades.

Sandro Barros disse que “hora como a grande empresa, hora competindo entre si, como uma simulação, hora só com a pequena empresa, que não é pequena. Quando essa empresa [que se passa por pequena, mas não é] ganha, essa licitação foi fraudada”.

As investigações continuarão para apurar se outras pessoas participam do esquema, como descreveu o promotor Rodney da Silva.

“Devido à complexidade da investigação, o que se faz é um fatiamento, a gente vai progredindo. Foi identificado o esquema. Agora parte-se para conhecer se houve participação de agente público”, disse Rodney.

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Buscas

Na manhã de terça-feira, 26/10, equipes do MP estiveram em vários órgãos para cumprir mandados de busca e apreensão, entre eles a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). Segundo investigações, o grupo teria recebido de lá R$ 12 milhões em contratos de vendas de pneus.

Nota da Comurg

A Comurg informou que o MP compareceu na sede da Companhia pedindo acesso a “processos de licitação oriundos de contratações realizadas em gestões anteriores” e que todos foram entregues aos agentes do órgão “no intuito de colaborar com as investigações de um suposto ilícito”.

Por meio de nota, a Companhia explica que não é alvo da investigação e que é de interesse da Comurg que tudo seja esclarecido.

Prefeitura de Goiânia

Outro alvo das buscas do MP é a Prefeitura de Goiânia que divulgou nota informando que “está à disposição para colaborar com as investigações”.

A administração municipal também ressaltou que entregou os documentos solicitados ao MP e que “não existe investigação contra servidores públicos ou por crime de improbidade administrativa”.

Prefeitura de Aparecida de Goiânia

A prefeitura disse que “foi informada da operação do Ministério Público na manhã de terça-feira e que está colaborando com as investigações fornecendo as informações necessárias solicitadas”.

Metrobus

Já a Metrobus informou que “prontamente atendeu todas as solicitações do Ministério Público, repassando na íntegra os documentos e informações requeridos”.

A empresa afirmou que não está envolvida com os crimes investigados e que “acompanhará os desdobramentos das investigações, tomando, se for o caso, as medidas necessárias caso se constate que foi vítima de alguma ação fraudulenta”.

Assembleia Legislativa de Goiás

Mandados também foram cumpridos na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). A Casa explicou que “a investigação não possui conexão com o Legislativo estadual”. A nota ressalta ainda que não há relação entre a servidora citada nas apurações e atuação dela na Alego.

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