Sede da Polícia Federal em Palmas – Foto: Divulgação
Farmacêutica Thaís de Carvalho Costa, esposa de Luiz Edgar Tolini, secretário de saúde, é um dos alvos da Operação Hygea deflagrada dia 20, quando depôs aos policiais, mas diz que só presta as informações e esclarecimentos às autoridades.
A farmacêutica Thaís de Carvalho Costa, esposa do secretário estadual de Saúde, Edgar Luiz Tolini, está entre os alvos da Operação Hygea, deflagrada na quarta-feira, 20, dentro de um inquérito criminal instaurado pela Polícia Federal no Tocantins para investigar, desde 2018, um esquema de pagamentos de propinas relacionadas ao antigo Plano de Saúde dos Servidores (Plansaúde).
Também estudante de medicina, Thaís aparece na documentação enviada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell, ao governador em exercício, Wanderlei Barbosa, comunicando que a Operação Hygea impunha uma série de restrições aos alvos, incluindo a proibição de acesso aos prédios públicos.
Thaís Costa aparece na investigação como uma das operadoras financeiras da estrutura montada para a lavagem do dinheiro desviado dos cofres públicos e integralizado ao patrimônio dos investigados.
A investigação da Operação Hygea aponta que houve falsificação de notas fiscais por empresas indicadas por diversos operadores financeiros alvos da PF. A fraude servia para “dar aparência de legalidade às vantagens ilícitas recebidas”, segundo a PF. A investigação conseguiu cópias das notas frias no site eletrônico da Secretaria da Fazenda (Sefaz). Algumas notas tinham o número de série 01 embora as empresas existissem há bastante tempo, ao menos no papel.
Alvo dos mandados cumpridos em Palmas, a esposa de Tolini prestou depoimento no dia da megaoperação, mas o teor do seu depoimento não é público. A advogada de Thaís, Mônica Caetano, enviou nota na qual afirma que a farmacêutica “se reserva no direito de prestar as devidas informações e esclarecimentos às autoridades competentes.” Acionado por aplicativo, o secretário Tolini, em férias até novembro, leu a mensagem com o pedido de manifestação, mas não enviou nenhuma resposta até a publicação da matéria.
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Outros alvos
Além da esposa do secretário, entres os alvos da operação que pertencem à iniciativa privada já revelados pela investigação, estão o engenheiro civil e empresário Benedito Dilson dos Santos Gomes, o Benedito Papinha e os irmãos comerciantes Rômulo Bueno Marinho Bilac e Júlio Kener Marinho Bilac, este dono de uma das empresas investigadas pela Polícia Federal.
Também são alvos conhecidos outros dois empresários, Igor Prado Silva Santos e Fernando Moleto Monteiro.
Outro empresário alvo é Ramos e Farias e Silva. Ele chegou a ser preso no Mato Grosso no ano passado, sob suspeita de cometer uma fraude de R$ 4 milhões ao vender respiradores pulmonares para a Prefeitura de Rondonópolis, município a 212 km de Cuiabá.
No setor público, apareceram nesta operação, o ex-diretor-geral do Plansaúde e ex-secretário executivo da Administração Ineijaim José Brito Siqueira, a ex-secretária Executiva do Tesouro do Estado, Dilma Caldeira de Moura e o ex-assessor de Gabinete da Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes Rodrigo Assumpção Vargas.
Medidas restritivas
No ofício enviado ao governador interino sobre a Operação Hygea, o ministro proíbe a todos estes alvos a entrada no Palácio Araguaia, sede do governo estadual, e nas secretarias da Administração, Fazenda, Planejamento e na sede do Plansaúde.
O ministro também veda que eles possam entrar no Hospital de Urgência de Palmas, nome fantasia do Hospital Oswaldo Cruz. O hospital pertence à família do médico Luciano Teixeira, que denunciou o suposto esquema de propina no Plansaúde em 2019, e que deu origem à investigação policial.
Todo este grupo também está proibido de manter contato entre si ou com outros investigados, com as testemunhas, os declarantes ou com os colaboradores da Polícia Federal, inclusive servidores públicos lotados no Palácio Araguaia e nas secretarias da Administração, Fazenda, do Planejamento e do Plansaúde.
Na sexta-feira, o governador interino exonerou os funcionários comissionados citados como alvos e retirou as funções comissionadas dos efetivos envolvidos na Operação Hygea e na Operação Éris, também deflagrada na quarta-feira, 20, que mira o aparelhamento da Polícia Civil para embaraçar investigações policias.
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Os exonerados:
– Claudinei Aparecido Quaresemin, secretário de Estado de Parcerias e Investimentos;
– Ineijaim José Brito Siqueira, secretário executivo da Administração e diretor do Plansaúde;
– Cristiano Barbosa Sampaio, secretário da Segurança Pública;
– Servilho Silva de Paiva, secretário executivo da Segurança Pública;
– Dilma Caldeira de Moura, secretária executiva do Tesouro;
– Raimunda Silva de Paiva, delegada Geral da Polícia Civil;
– Ronan Almeida Souza, corregedor-geral da Segurança Pública;
– Cínthia Paula de Lima, diretora da Escola Superior de Polícia (Espol);
– José Mendes da Silva Júnior, gerente de Núcleo de Inteligência do Detran;
– Rudson Alves Barbosa, gerente de Inteligência da Casa Militar, na Governadoria;
– Rodrigo Assumpção Vargas, assessor de Gabinete da Seduc;
Os que tiveram a função comissionada dispensada:
– Ênio Walcacer de Oliveira Filho, delegado-chefe da 1 Divisão Especializada de Repressão a Narcóticos (Denarc – Palmas);
– Gilberto Augusto Oliveira Silva, delegado-chefe da Divisão Especializada de Repressão à Corrupção (Decor);
– Victor Vandré Sabará Ramos, da função comissionada de Administração.
Fonte: Lailton Costa / Jornal do Tocantins